Preservação Digital - (Repositórios Digitais Confiáveis)

Antes de considerar soluções técnicas para a preservação a longo prazo dos documentos eletrônicos é importante refletir sobre o conceito de preservação digital, na literatura  existem dois conceitos que podemos  considerar como básicos:

Planejamento, alocação de recursos e aplicação de métodos de preservação e tecnologias necessárias para que a informação digital de valor contínuo permaneça acessível e utilizável por longo prazo, considerando-se, neste caso longo prazo, o tempo suficiente para preocupar-se com os impactos de mudanças tecnológicas. A preservação digital aplica-se tanto a documentos "nato-digitais" quanto a documentos convertidos do formato convencional para o formato digital. (HEDSTROM, Margareth 1997/1998)

Capacidade de manter a integridade e a acessibilidade da informação digital por longo prazo. Esta preservação da integridade e acessibilidade não se limita, apenas, a proteger a informação digital contra o acesso não autorizado, mas também, contra o uso inadequado resultante da má interpretação ou má representação da informação por parte dos sistemas computacionais. Percebe-se, aqui, o aspecto da inseparabilidade entre as atividades de preservação e acesso do mundo digital. (TASK FORCE ON ARCHIVING OF DIGITAL INFORMATION, 1996)

A dificuldade fundamental da preservação digital advém da natureza dos próprios objetos que busca preservar. Diferentemente dos formatos tradicionais, os objetos digitais são acessíveis somente por meio de combinações específicas de componentes de hardware, software, mídia e pessoal técnico.
Uma instituição que pretende assumir a responsabilidade de preservar informação digital por longo prazo precisa, como primeiro passo, observar um conjunto mínimo de requisitos, a saber:


  Gestão arquivística de documentos: Definir procedimentos e estratégias de gestão arquivística de documentos quando da criação, transmissão e preservação de documentos em formatos digitais, com o objetivo de garantir a produção e manutenção de documentos fidedignos, autênticos, acessíveis, compreensíveis e preserváveis; 
  Padrões e protocolos: Definir a utilização de padrões e protocolos abertos e de aceitação ampla na criação, uso, transmissão e armazenamento de documentos digitais;
  Requisitos funcionais: Definir os requisitos funcionais e estimular sua adoção para orientar o desenvolvimento e a aquisição de sistemas eletrônicos de gestão arquivística, que se adequem às especificidades da legislação e das práticas arquivísticas brasileiras;
  Localizar e rastrear o objeto digital ao longo do tempo: imediatamente após a sua criação, os objetos digitais tornam-se passíveis de serem alterados, copiados ou movimentados. Em qualquer referência ao objeto digital, é necessário localizá-lo na edição ou versão correta;
  Preservar a proveniência: identificar a origem de um objeto e detalhar seu histórico ajudam a confirmar sua autenticidade e integridade; e
Definir política de segurança da informação, que considere os aspectos legais, organizacionais, humanos e tecnológicos, de modo a garantir a autenticidade dos documentos digitais e o sigilo da informação, bem como a proteção contra perdas, acidentes e intervenções não autorizadas.

O crescente volume de informação em formato digital não permite mais que as empresas mantenham um posicionamento conservador ou indiferente quanto à adoção de estratégias para a preservação digital. O cenário de relativa estabilidade alcançado com a preservação na “era papel” está definitivamente ameaçado pela propagação da nova informação digital através de hardware, software e mídia com ciclos de vida cada vez menores.